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Política

Moro: sem lenço e sem documento

Muitos observadores políticos acreditam que o maior erro dele foi aceitar ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, como se não bastasse saiu do governo, em meio uma crise instaurada no comando da Polícia Federal

Provavelmente, no ápice na operação Lava Jato, ninguém imaginaria que o futuro daquele era considerado um herói nacional, iria ser tão confuso. Mas na verdade o que houve? O que aconteceu com Sérgio Moro?

Muitos observadores políticos acreditam que o maior erro dele foi aceitar ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, como se não bastasse saiu do governo, em meio uma crise instaurada no comando da Polícia Federal.

Com troca de acusações entre ele e o clã Bolsonaro. Sérgio Moro decidiu ser candidato a presidente pelo Podemos partido paranaense que tem Álvaro Dias como um dos principais líderes e articuladores.

Tudo ia bem até o convite para ser candidato à presidência pelo União Brasil, partido que surgiu na fusão entre DEM e PSL. O presidente da sigla, o Deputado Federal Luciano Bivar, era o grande entusiasta dessa candidatura. Mas a roda não gira sempre na mesma direção, e na contramão dos projetos políticos de Sérgio Moro e Bivar, um grande agrupamento de líderes barrou seu sonho presidencial.

Para complicar, a estratégia de mudar o domicílio eleitoral para São Paulo e, lá, viabilizar uma candidatura ao Senado ou à Câmara Federal, acabou naufragando de vez. Na última terça-feira (7), o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) negou esta transferência de domicílio. Portanto, não vai dar certo, pelo menos pelo estado de São Paulo.

Em nota, o ex-juiz disse que ficou surpreso com a decisão. “Recebi surpreso a decisão do TRE de São Paulo na ação proposta pelo PT. Nas ruas, sinto o apoio de gente que, como eu, orgulha-se do resultado da Lava Jato e não desistiu de lutar pelo Brasil. Anunciarei em breve meus próximos passos. Mas é certo que não desistirei do Brasil”, escreveu.

Como surgiu a denúncia? Foi feita pelo PT que também argumentou que Moro foi eleito vice-presidente do Diretório Estadual Podemos no Paraná, seu estado natal, em fevereiro de 2022. O denunciante, deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), alega que o ex-juiz nunca residiu nem teve vínculo empregatício na capital paulista e que, no final de março, se desfilou do partido, foi para o União Brasil e anunciou a mudança de domicílio. A advogada Rosângela Moro, casada com Sergio e também filiada ao União Brasil, pode ser candidata a qualquer cargo por São Paulo, porque não foi incluída na denúncia feita pelo PT que gerou o impedimento de Moro a uma candidatura. Mas o PT já afirmou que também recorrerá à justiça para impedi-la também.

Caso Moro realmente desista do estado de São Paulo, o ex-juiz deverá ter seus direitos políticos restabelecidos, mas dessa vez, pelo seu estado de origem o Paraná. Rejeitando-se o seu domicilio eleitoral e São Paulo.

Pelo Paraná, Moro deixou o Podemos, partido ao qual o próprio Moro não valorizou, saiu sem dizer adeus, provavelmente sem agradecer, preferiu a vitrine de São Paulo e um partido com mais estrutura financeira e densidade eleitoral mais contundente. PSL se uniu ao DEM e, juntos, formaram o União Brasil, que reúne 55 deputados e um caixa com 1 bilhão de reais provenientes dos fundos partidário e eleitoral.

O que resta a fazer? Quais seriam as alternativas? Brigar pelo direito de ser candidato em São Paulo ou voltar para seu estado de origem? Para ser candidato a qualquer cargo pelo Paraná nas eleições de 2022, o ex-juiz Sergio Moro precisará superar uma série de obstáculos, afinal, o jogo político já está em curso.

Sergio Moro falará apenas na próxima semana sobre seu futuro político nas eleições de 2022. O ex-juiz federal e ex-ministro convocou uma entrevista coletiva em Curitiba, às 11h de terça-feira (14), para o tema. Na coletiva, Moro estará acompanhado de líderes locais e nacionais do seu partido, o União Brasil. Luciano Bivar, Antônio Rueda e o deputado paranaense Felipe Francischini devem estar ao lado de Moro na coletiva.

Nas entrelinhas do universo político, subtende que, se acompanhado por Felipe Francischini, o caminho mais provável será o estado do Paraná. Fica a pergunta: em que esfera será candidato? Governo ou a deputado federal ou ao senado? De qualquer forma Sérgio Moro deverá embaralhar a política paranaense caso resolva entrar no jogo, mesmo que atrasado.

Em resumo, o intocável Sérgio Moro, representante dos mais orgulhosos patriotas, acabou ficando sem lenço e sem documento e por enquanto, sem teto.

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